China suspende compra de carne de frango brasileira por 60 dias após caso de gripe aviária em granja comercial

China suspende compra de carne de frango brasileira por 60 dias após caso de gripe aviária em granja comercial

A China, principal compradora da carne de frango produzida no Brasil, anunciou a suspensão temporária das importações por 60 dias. A medida segue protocolos sanitários internacionais e ocorre após a confirmação do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no país, localizada no município de Montenegro, na Região Metropolitana de Porto Alegre (RS).

A suspensão é automática, conforme acordo firmado entre os dois países para situações desse tipo. O Ministério da Agricultura reforçou que não há riscos no consumo de carne de frango e ovos, e que o produto brasileiro segue sendo inspecionado e certificado com segurança.

“A população pode continuar consumindo com segurança e com atestado de qualidade emitido pelo Ministério da Agricultura”, afirmou o ministro Carlos Fávaro.

Exportações seguem para outros mercados

Mesmo com a suspensão temporária pela China, outros mercados seguem operando com restrições apenas regionais, como Japão, Emirados Árabes, Reino Unido, Argentina e Arábia Saudita — que limitam a compra apenas das regiões afetadas. Já no caso da China e da União Europeia, o protocolo prevê a suspensão das importações de todo o território nacional por um período determinado.

O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango e o terceiro maior produtor. Além da China, outros destinos importantes são os Emirados Árabes e o Japão, conforme dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Caso inédito em granja comercial

O foco confirmado da doença é o primeiro de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) registrado em uma granja comercial no Brasil. Até então, os casos se restringiam a aves silvestres ou criadas para subsistência.

Após a identificação, as autoridades isolaram a área e procederam com a eliminação das aves. A Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul também iniciou uma investigação em um raio de 10 km ao redor da granja afetada para identificar possíveis novos casos.

Em 2023, devido ao avanço do vírus H5N1 em aves silvestres, o Ministério da Agricultura já havia declarado estado de emergência zoossanitária no país. Desde então, os protocolos de vigilância foram reforçados em todo o território nacional.

“O risco de infecção em humanos é muito baixo e, geralmente, se limita a pessoas com contato direto com aves doentes”, informou o ministério. Além disso, o vírus é eliminado no processo de cozimento, o que reforça a segurança no consumo de alimentos derivados de aves.

Impactos internacionais

Diversos países já enfrentaram surtos semelhantes, inclusive os Estados Unidos, que recentemente registraram contaminações em granjas comerciais. A situação resultou no abate de milhares de aves e no aumento expressivo do preço de ovos, levando inclusive à ampliação das importações americanas do produto brasileiro.

O governo brasileiro ressalta que tem atuado de forma rápida e técnica para conter a propagação da doença e manter a confiança do mercado internacional. As negociações com os parceiros comerciais seguem em andamento, com possibilidade de revisão dos embargos conforme a evolução do cenário sanitário.