Escritor capixaba participa da Flip 2025 com reflexões sobre literatura, meio ambiente e identidade

O escritor e médico veterinário capixaba compartilhou suas impressões sobre a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) de 2025, evento que reuniu autores, editoras e leitores em uma celebração da literatura marcada por diversidade, espontaneidade e crítica social.
“Uma bagunça maravilhosa”, resume ele, ao descrever o cenário vibrante de Paraty. Indígenas vendendo artesanato, Hare Krishnas dançando pelas ruas, autores independentes divulgando suas obras, protestos contra charretes e até um homem com um pinguim empalhado faziam parte do panorama. “Também é um gigantesco desfile de moda intelectual — muita gola alta, suéteres, cachecóis — eu mesmo desenterrei uma touca”, brinca, destacando o charme peculiar do evento.
As casas das editoras, como define, são o “coração do evento”. Foi em espaços como a Casa Ópera e a Casa Caravana que ele pôde participar de mesas literárias sobre seus livros A Viagem do Pinguim e Psicotrópicos de Capricórnio na Ilha da Trindade. A primeira obra é voltada à conscientização ambiental, enquanto a segunda mergulha nas relações humanas e no amadurecimento pessoal.
Durante sua fala na Casa Caravana, o autor explicou a origem de sua relação com os pinguins — iniciada ainda na graduação — e como isso se transformou em trabalho de reabilitação, ciência e literatura. “No início, enfrentamos descrença até de biólogos, mas era também uma questão de saúde pública. As pessoas levavam os pinguins encalhados para casa e se expunham a riscos”, relembra.
Ele ressalta que A Viagem do Pinguim surgiu da necessidade de traduzir esse fenômeno ecológico para o público geral. “É o único livro em que fui panfletário de propósito. Pensei em escolas, no público infantojuvenil e na proposta do Currículo Azul. Os pinguins são ótimos professores”, comenta, reforçando o potencial educacional da obra.
Na Casa Ópera, ao abordar Psicotrópicos de Capricórnio na Ilha da Trindade, o tom foi mais intimista. A mesa discutiu como o autor se projeta na obra e a responsabilidade diante das interpretações do público. “Quando falo da Ilha da Trindade, não é sobre fatos, mas sobre sentimentos. De como eu era e de como voltei.”
Por fim, o autor confessa que sua experiência na Flip vai além da promoção de livros. “Se eu fosse apenas escritor, estaria no auditório principal com os grandes nomes. Mas meu objetivo é viver um sonho lúcido. E acho que consegui.”

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