Governo usa excesso de pedidos de urgência na Câmara para conter avanço de projeto da anistia

A Câmara dos Deputados acumula mais de 1.100 pedidos de urgência prontos para votação, mas que ainda não foram incluídos na pauta. O levantamento, feito pelo Palácio do Planalto, tem sido usado como estratégia para frear o avanço do projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro.
Nesta sexta-feira (11), o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, anunciou ter coletado as 257 assinaturas necessárias para apresentar o requerimento de urgência para a proposta. O apoio é suficiente para acelerar a tramitação do projeto, mas, segundo o regimento da Câmara, o número de assinaturas não obriga sua inclusão imediata na pauta do plenário.
A decisão sobre o que vai à votação continua sendo prerrogativa do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). Por isso, o governo tem apostado na boa relação com o novo comando da Câmara para barrar a votação do projeto.
Além disso, o Executivo lembra que existe um compromisso entre os líderes partidários para evitar a votação de urgências diretamente no plenário, preservando a análise de propostas nas comissões temáticas — um rito considerado mais adequado para temas polêmicos.
Nos bastidores, o governo também alerta sua base sobre o alcance do texto atual, que, segundo avaliação interna, vai além da anistia aos presos pelos atos golpistas de 8 de janeiro. A proposta, conforme está redigida, poderia isentar de responsabilidades pessoas envolvidas em infrações desde o período eleitoral de 2022, o que amplia seus efeitos e torna a matéria ainda mais sensível.
Mesmo com a articulação do governo, a oposição promete manter a pressão para que o tema avance e já prepara novas investidas para os próximos dias. Enquanto isso, o Planalto segue monitorando os movimentos do Congresso em torno do projeto.

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