Não gosto de política! Por que mesmo quem evita a política está imerso em suas decisões — e pagando por elas.

Não gosto de política! Por que mesmo quem evita a política está imerso em suas decisões — e pagando por elas.

“Não gosto de política.”

Essa é uma frase comum e compreensível diante da frustração que muitas pessoas sentem em relação a governos, escândalos e promessas não cumpridas.

Mas o que poucos percebem é que não gostar de política não isenta ninguém de suas consequências. Pelo contrário, a política atinge também quem a ignora! E cobra um preço alto em impostos, serviços precários, instabilidade e burocracia.

Política não é só eleição ou partido. No senso comum, política é sinônimo de eleição, palanque, discurso vazio ou disputa de poder. Mas não é bem assim.

Em um conceito moderno de política, podemos entender que ela ocupa um papel central na organização da vida em sociedade, pois está diretamente relacionada à gestão do bem público, à convivência coletiva e à formulação das normas e leis que regulam essa dinâmica. Ela envolve a criação e aplicação de regras e padrões de conduta que orientam a vida em comum dentro de um determinado espaço social. Acima de tudo, a política se manifesta no processo decisório, cujos efeitos impactam toda a coletividade e moldam os rumos da esfera pública.

Em resumo, a política é a arte que afeta a vida de todos e organiza a convivência em sociedade.

Ela está na lei que tributa o combustível, na regra que permite (ou não) financiar um imóvel, na decisão de manter uma escola aberta ou fechar um posto de saúde.

Assim, não há como se esquivar dela. Quem diz “não me meto com política” acaba, na prática, entregando suas decisões nas mãos de terceiros.

Política não é uma opção: é um fato. A única escolha é se você quer influenciar ou apenas sofrer as consequências.

E a omissão tem um custo. Quando a população não acompanha, não entende ou não cobra, abre espaço para que poucos decidam por muitos. E, como regra, decidem a seu favor — não ao seu custo.

A política nem sempre se apresenta de forma clara. Ela aparece nos efeitos, no preço da comida (impactado por políticas fiscais e incentivos agrícolas), na demora para uma cirurgia (reflexo da má gestão do orçamento da saúde), na taxa bancária que você paga (regulada por agências controladas politicamente), no número de vagas na creche pública ou na qualidade da escola (política educacional), e até mesmo na fila para o INSS (política previdenciária).

Portanto, a política pode até ser invisível na origem, todavia é muito concreta na consequência.

Mas é possível ser crítico, técnico e discreto! O importante é não abandonar a função mínima de vigilância cidadã.

Temos que entender que não se trata de defender partidos ou ideologias, mas de compreender que as regras do jogo precisam ser conhecidas, especialmente por quem deseja empreender, contratar, construir (ou simplesmente viver com autonomia!)

A ignorância jurídica e política tem custo real: quem não conhece os próprios direitos, paga mais e recebe menos.

Enfim, você pode até não gostar de política, mas a política “gosta” de você. Ela te alcança no contracheque, no boleto de energia, no preço do remédio e na qualidade da estrada, ou seja, em praticamente todos os atos da vida em sociedade.

Então, não é preciso gritar nem se filiar a partidos, mas é necessário conhecer, fiscalizar e proteger-se juridicamente.

A política não é um território de idealistas, e sim o campo onde se disputa quem paga a conta e quem se beneficia dela.

E quem não está na mesa, invariavelmente, está no cardápio.