Nova Almeida – Vila dos Pescadores: documentário celebra memória, cultura e resistência de uma comunidade tradicional capixaba

Nova Almeida – Vila dos Pescadores: documentário celebra memória, cultura e resistência de uma comunidade tradicional capixaba

No dia 05 de julho de 2025, às 19h30, a Praça dos Pescadores, no coração de Nova Almeida, distrito do município da Serra (ES), será palco de um acontecimento singular: o lançamento do documentário “Nova Almeida – Vila dos Pescadores”, um retrato sensível e potente de uma das mais antigas e emblemáticas comunidades pesqueiras do Espírito Santo.

Dirigido e roteirizado por Edmilson da Silva Ramos, o filme mergulha na história, nas práticas culturais e nos modos de vida da vila, em uma narrativa que entrelaça memória, identidade e resistência diante de transformações profundas que atingem o litoral capixaba nas últimas décadas. Com 62 minutos de duração, o documentário é resultado de um processo coletivo de escuta e engajamento iniciado por três mulheres da comunidade — Vanda Salles, Claudia Helena e Luciana Monteiro — e posteriormente fortalecido pela produtora Fernanda Vieira, da Nanda Produções.

Uma história contada pelos que vivem dela

O documentário parte de um desejo antigo: preservar a história da vila, suas tradições e seus personagens, em meio a pressões externas e ameaças ambientais que se intensificaram sobretudo após o desastre de Mariana, ocorrido em 2015. A lama tóxica da barragem de Fundão percorreu centenas de quilômetros pelo Rio Doce e atingiu o mar capixaba, afetando duramente os pescadores e a economia de base comunitária que se organiza em torno da pesca artesanal.

Nesse contexto, o projeto nasceu da urgência de documentar aquilo que poderia se perder: as festas tradicionais, os saberes da pesca, as histórias passadas oralmente de geração em geração, e o pertencimento à terra e ao mar que moldam a vida dos moradores. O documentário mostra com delicadeza o entrelaçamento de histórias de famílias inteiras com os ciclos da maré, a lua e o tempo.

Patrimônio vivo, memórias resgatadas

Com destaque para episódios históricos — como a construção da ponte velha de 1932, hoje reconhecida como Patrimônio Cultural do Município da Serra — o documentário atua também como instrumento de valorização da memória coletiva. A ponte, que durante décadas conectou o centro à região de pesca e às zonas ribeirinhas, é mais do que um artefato urbano: é símbolo da própria travessia histórica da vila, entre passado e presente.

Outros momentos marcantes, envolvem o resgate de celebrações locais, como a festa do Congo, o antigo carnaval de rua e as cantorias noturnas dos pescadores, além de episódios pouco conhecidos, como a localização exata do Poço dos Padres, envolto em lendas locais. Essa revelação é carregada de valor simbólico para os moradores, reaproximando-os de seu território ancestral.

Lorrayne: juventude e resistência à beira-mar

Outro  ponto alto,é a trajetória de Lorrayne, jovem pescadora que representa a quarta geração de uma família dedicada à pesca. Sua presença diante das câmeras quebra estereótipos sobre gênero e juventude, reafirmando que o ofício da pesca, longe de ser um saber em extinção, ainda pulsa como prática viva, renovada pelas novas gerações.

Lorrayne não apenas pesca: ela também reflete sobre seu papel na comunidade, sobre o impacto das mudanças ambientais em sua rotina e sobre o valor da transmissão de conhecimento entre mulheres pescadoras — um aspecto ainda invisibilizado nas políticas públicas e na cobertura da mídia tradicional.

Cultura, mar e afeto: a força das mulheres na realização

Além da protagonista Lorrayne, o documentário é impulsionado por outras presenças femininas decisivas: as idealizadoras do projeto e as profissionais envolvidas na produção. Fernanda Oliveira, produtora executiva e roteirista, e a maestrina Adriana Dutra, responsável pela trilha sonora original, somam à força narrativa do documentário, suas respectivas trajetórias artísticas e profissionais.

A música composta por Dutra dialoga com os ritmos tradicionais da região, incorporando elementos sonoros do cotidiano marinho, vozes da comunidade e o ruído persistente das ondas — um pano de fundo sonoro que amplia a dimensão poética e emocional da obra.

Uma ferramenta de educação e mobilização

Com linguagem acessível e estrutura envolvente, o documentário “Nova Almeida – Vila dos Pescadores” não se limita à função estética ou ao registro factual. Ele é, acima de tudo, uma ferramenta de educação comunitária e mobilização social, capaz de sensibilizar públicos diversos — da escola à universidade, dos gestores públicos aos próprios moradores das vilas costeiras do Espírito Santo.

 

Ao retratar com empatia e precisão uma comunidade em risco, o filme lança luz sobre o que está em jogo quando se fala em “progresso” sobre territórios tradicionais: a perda de vínculos afetivos, o esvaziamento cultural, a expulsão silenciosa promovida pela especulação imobiliária e pelas mudanças na cadeia produtiva da pesca.

Exibição pública: cultura na praça, memória ao ar livre

O lançamento do filme, previsto para acontecer ao ar livre, na Praça dos Pescadores, foi pensado como um ato simbólico de devolução da memória à própria comunidade. A sessão será gratuita, aberta ao público e seguida de bate-papo com os realizadores, que discutirão o processo criativo, os desafios enfrentados na produção e os desdobramentos futuros do projeto.

A escolha da praça como cenário de estreia reforça o espírito coletivo do documentário, convidando moradores e visitantes a se reunirem para celebrar, lembrar e refletir sobre o que significa ser parte de uma vila de pescadores em pleno século XXI.

Um filme necessário

“Nova Almeida – Vila dos Pescadores” se junta a um conjunto ainda tímido, mas crescente, de produções audiovisuais que tratam do litoral capixaba sob uma perspectiva comunitária, crítica e afetiva. Em tempos de apagamento das culturas tradicionais e de avanço dos interesses econômicos sobre as zonas costeiras, o filme se impõe como um documento de resistência, mas também como uma carta de amor ao mar, à memória e à força das pessoas que habitam as margens — e que, apesar disso, seguem no centro de uma luta legítima por reconhecimento e permanência.

SERVIÇO

Lançamento do documentário “Nova Almeida – Vila dos Pescadores”
📍 Local: Praça dos Pescadores – Centro de Nova Almeida, Serra/ES
📅 Data: 05 de julho de 2025 (sábado)
⏰ Horário: 19h30
🎟 Entrada gratuita
🗣 Após a exibição, haverá conversa com os realizadores.

Contato para imprensa e entrevistas:
📞 Fernanda Vieira – Produção
📧 [email protected]
📱 (27) 99839-9718

Entrevistas

Edmilson da Silva Ramos

O que motivou a criação do documentário sobre a Vila dos Pescadores de Nova Almeida e qual a principal mensagem que você deseja transmitir ao público?

 

A motivação nasceu do bate papo entre amigos com interesse comum e a urgência de se fazer alguma coisa para que a essência deste lugar não acabasse evaporando no tempo, tendo em vista que em nossas muitas conversas com os pescadores tomamos conhecimento de que praticamente nenhum de seus descendentes desejam dar continuidade a atividade dos seus pais/avós. O fato de muitos dos moradores com quem conversei acharem que o Poço dos Padres era só uma ficção, e não um lugar de verdade, bem ali pertinho deles, onde muitos já passaram e passam em frente, sem sequer saber que é bem ali. Outra coisa foi o fato de morar na “fonte” do pescado e as vezes não encontrar o desejado fruto no osso quintal e ter que recorrer ao vizinho pra encontrar, por exemplo, camarão, o badejo, uma corvina graúda, etc.

A primeira casa onde morei com minha família, no Parque das Gaivotas, Rua das Laranjeiras fica beirando um braço do Rio, que hoje em dia é considerado como “valão”, ficamos dois dias fora de casa e na volta minha filha encontrou Goiamuns abrigados debaixo do nosso carro, a nossos vizinhos nos disseram que antigamente se pescava através da cerca.

Esses sinais claros de transformação e ameaça, o impacto ambiental, a falta de conhecimento do lugar onde vivemos, foram fundamentais para decidir falar de Nova Almeida.

Quais foram os maiores desafios durante a produção do documentário, especialmente em relação ao retrato da cultura e do modo de vida dos pescadores?

 

Um dos meus maiores desafios foi encontrar o equilíbrio entre o olhar de fora, o olhar de um Carioca que viveu 20 anos fora do Brasil, e ao voltar faz de Nova Almeida – ES, sua “casa” e que agora quero falar dos “problemas” que me preocupam nestes 5 anos morando aqui, e a vivência autêntica da comunidade. Não queríamos exotizar, romantizar ou simplificar demais. Por isso, houve um período de escuta e pesquisa antes mesmo de ligar as câmeras. Outro ponto sensível foi o acesso às histórias mais profundas, muitas vezes marcadas por dor, outras histórias que não conseguimos contar pois as pessoas que as iriam compartilhar faleceram antes de conseguirmos entrevista-las, e ainda temos muitas histórias reais interessantíssimas, de valor sociocultural que com certeza irá ajudar no legado que desejamos deixar, mas que não tivemos tempo para incluí-las neste documentário. E, tecnicamente, filmar em ambientes costeiros, com variações de maré, luz e vento, condições climáticas, exigiu muito da equipe em termos logísticos e criativos.

 

De que forma o documentário aborda as transformações sociais, econômicas e ambientais que a Vila dos Pescadores vem enfrentando ao longo dos anos?

 

Na realidade este primeiro documentário aborda mais o lado bucólico, romântico, histórico de Nova Almeida, à partir da Ponte velha até os dias atuais. Provavelmente em um próximo trabalho falaremos da rota do pescado e tudo o que permeia este mercado, desde o mar até a mesa das famílias.

Mas trazemos alguns relatos que falam de maneira mais genérica sobre a diferença da abundância de outrora e a escassez dos dias de hoje, a tradição que era passada de pais pra filhos, da riqueza e diversidade cultural das quais deveríamos nos orgulhar e manter.

Utilizamos imagens de arquivo, relatos de antigos moradores e registros atuais para construir um panorama das mudanças na vila da época em que a pesca era a base da economia familiar até os dias de hoje, com a chegada de empreendimentos empresariais e a diminuição da atividade pesqueira. Também buscamos ouvir diferentes gerações, para mostrar como essas transformações afetaram sonhos, identidades e formas de pertencimento. O impacto ambiental, por exemplo, é abordado através das falas dos pescadores que enfrentam escassez de peixes e mudanças nas marés causadas por construções desordenadas e poluição.

 

Como a participação da comunidade local influenciou o processo de filmagem e a narrativa do documentário?

 

Procuramos colher os fatos com a própria comunidade, a construção desse documentário tem as digitais de cada participante e de outras tantas pessoas que nos muniram de informações e histórias interessantes, emocionantes, tantas que não couberam neste documentário, e já nos forneceu material suficiente para começar um próximo.

Cariocas que assim como eu agora foram adotados pelo Espírito Santo e se tornaram Capixabas de coração, que me relataram que houve uma grande piracema no Estado e famílias de pescadores migraram de outros Estados vizinhos e que acabaram por estabelecer residência aqui. Uma família que ainda tece suas redes de pesca artesanalmente.

Toda a nossa equipe técnica, historiador, consultores, operador de câmera, produtora executiva, auxiliares de produção, a empresa de captura de imagens vídeo e fotos, todos moradores de Nova Almeida.

Que impacto você espera que o documentário tenha na preservação da cultura tradicional da Vila dos Pescadores e na conscientização sobre seus desafios atuais?

Esperamos que o documentário seja um instrumento de valorização. Que ele ajude a resgatar o orgulho dos moradores sobre sua identidade e história, e que sirva como ponte para o diálogo com autoridades, educadores e o público em geral. Nosso desejo é que ele circule por escolas, festivais e espaços de debate, despertando empatia e reflexão. Mais do que uma obra artística, este documentário é um ato cultural de resistência, uma maneira de dizer que as vidas dos nossos antepassados importam, que aquela cultura que eles deixaram tem valor e que ainda há tempo de agir para preservá-la, começando com a preservação moral, histórica e material, para que nunca mais se repita algo tão deplorável e irracional como foi a depredação do monumento aos pescadores na Praça dos pescadores no Centro de Nova Almeida.

 

Fernanda Vieira

Como surgiu a ideia de produzir este documentário e qual foi o seu papel na construção do roteiro?

 

Desde que cheguei a Nova Almeida, nos anos 90, sempre me chamou atenção a riqueza cultural desse lugar. Há cerca de três anos, comecei a pensar em registrar essa história em um livro. Foi nesse processo que conheci a Luciana Monteiro, que também sonhava em preservar a memória da vila, reunindo objetos e relatos de pescadores ligados à colônia pesqueira. Nossas ideias se encontraram, e em 2024, com o apoio da Lei Paulo Gustavo, o diretor se encantou pelo projeto e decidimos transformá-lo em um documentário audiovisual.
Como já tenho experiência com produção e conheço muitas pessoas da região, meu papel foi ajudar a costurar essas histórias com sensibilidade e verdade. Contribuí com ideias, escutas e conexões que deram alma ao roteiro. Foi um trabalho coletivo, mas pude trazer uma visão que valorizasse a cultura local e as pessoas que fazem parte dela.

 

Quais foram os principais desafios que você enfrentou na produção executiva, especialmente em relação à logística e ao envolvimento da comunidade local?

 

Curiosamente, não enfrentei grandes desafios na produção executiva. A logística foi bem tranquila, já que todos nós moramos aqui na região, o que facilitou muito o deslocamento e a organização. O que mais me surpreendeu foi o envolvimento da comunidade — todos foram super disponíveis, acolhedores e engajados com o projeto. A única coisa que não conseguimos realizar foi a gravação em alto-mar, por uma questão de agenda, mas fora isso, tudo fluiu muito bem.

 

De que maneira o roteiro buscou equilibrar a narrativa histórica com as histórias pessoais dos pescadores e suas famílias?

 

O equilíbrio entre a narrativa histórica e as histórias pessoais se deu a partir de depoimentos como o do professor Alci Barroso, que trouxe um panorama riquíssimo da história de Nova Almeida — só pra deixar registrado, quem faria essa parte are o nosso saudoso inesquecível “TEODORICO BOA MORTE” que fez inclusive a indicação do professor Alci, que narrou desde a chegada dos jesuítas até os dias atuais — destacando personagens marcantes da nossa vila. Esse resgate foi entrelaçado com as memórias e vivências dos pescadores e suas famílias, mostrando como a história oficial e a história do povo se complementam.

 

Como foi o processo de pesquisa para o roteiro e quais fontes ou depoimentos foram fundamentais para a elaboração da narrativa?

A base para o roteiro foi antes da escrita do projeto em conversa com “Teodorico” em 2023 que fundamentou toda a ideia de construir um roteiro iniciado nos fatos ocorridos nos anos de 1580. Juntamente com o diretor contruimos o roteiro na intenção de intercalar os fatos históricos de Nova Almeida com os relatos de vida dos pescadores e suas famílias. A ideia foi mostrar que a história da vila não está apenas nos livros, mas também nas memórias, nos saberes e nas experiências dessas pessoas que mantêm viva a tradição local.”

Qual impacto você espera que o documentário tenha no público e na valorização da cultura da Vila dos Pescadores de Nova Almeida?

Espero que o documentário desperte no público um olhar mais sensível e respeitoso sobre a cultura tradicional de Nova Almeida. Que as pessoas compreendam o valor histórico, afetivo e simbólico desse território, e passem a reconhecer os pescadores como guardiões de saberes ancestrais. Desejo que ele fortaleça o sentimento de pertencimento na comunidade e ajude a preservar essa memória viva para as futuras gerações.

 

Adriana Dutra 

Como foi o processo de criação da trilha sonora do documentário?

O processo se deu a priori, via pesquisa junto a alguns pescadores, verificando o repertório que se ouvia de acordo com o período/década, outra forma foi via curadoria, longo período de audição e apreciação de peças que conversavam bem com o roteiro, vimos também a importância de dar espaço para composições de artista Serrano, inserindo o repertório de nossa cultura capixaba!!

De que forma a música contribui para reforçar a narrativa e o clima emocional do documentário?

A música pode intensificar o impacto emocional de um depoimento ou imagem. Ela funciona como uma “camada invisível” que comunica o que está além das palavras, o que não se diz, mas se sente. No Vila dos Pescadores que é um documentário com recorte territorial, histórico e étnico também, a música ajuda a construir identidade. Usamos trilhas compostas por artistas locais ou gêneros musicais típicos enriquece a narrativa com autenticidade e pertencimento.

Você incorporou elementos sonoros ou ritmos tradicionais da cultura local na composição da trilha?

Sim, incorporamos elementos sonoros e ritmos tradicionais da cultura local na trilha sonora com o objetivo de fortalecer a identidade do território retratado. Utilizamos instrumentos típicos, casaca tambores e demais instrumentos, nos recortes de registros do nosso Congo maravilhoso, em diferentes momentos do filme. Essa escolha musical dialoga diretamente com as imagens e os depoimentos, reforçando o pertencimento cultural, ativando a memória coletiva, ampliando a escuta sensível e autêntica da paisagem sonora do nosso território. e valorizando a riqueza sonora local.

Quais foram os maiores desafios para traduzir, em música, a história e a identidade da comunidade retratada?

Um dos maiores desafios ao traduzir, em música, a história e a identidade da comunidade retratada foi encontrar uma linguagem sonora que fosse fiel à vivência do território sem cair em estereótipos ou romantizações.
Cada som precisava carregar um sentido, não apenas enfeitar a narrativa, mas dialogar com as memórias, as lutas, os silêncios e as resistências da comunidade retratada. Isso exigiu uma escuta atenta e respeitosa ao contexto local: desde a oralidade até as festas populares, desde os cantos até os sons cotidianos que marcam o ritmo da vida da comunidade dos pescadores.
Outro desafio importante foi equilibrar a emoção e a autenticidade. Em alguns momentos, optamos por trilhas minimalistas, deixando que o som ambiente falasse por si. Em outros, trouxemos ritmos tradicionais e instrumentos regionais, e melodias do cotidiano, como forma de exaltar a ancestralidade e a potência cultural local.

Como maestrina, como você conduziu a interpretação da trilha sonora para garantir que ela transmitisse a sensibilidade e a força da narrativa?

Como maestrina, tenho uma paixão por harmonia vocal, então a primeira decisão foi ter um coral fazendo a trilha tema do documentário, ao fazer o convite ao Coro Jovem Música na Rede sob a regência de Priscila Aquino, e coordenação de Rachel Abreu, tivemos um retorno positivo de colaboração, e o coral brilhou com a música “Pescador”- Sérgio Pimenta, uma canção da década de 80, uma peça lindíssima, que fala exatamente da vida do pescador. Essa decisão foi essencial como ponto de partida em todo esse processo, garantindo que cada nota e cada frase da trilha sonora não apenas acompanhasse a narrativa, mas dialogasse com ela de forma viva e sensível!!