Procon Vila Velha alerta população sobre os riscos das apostas online

O vício em jogos tem se tornado uma realidade cada vez mais presente nos lares brasileiros. Em entrevista recente à imprensa capixaba, o diretor da Associação Psiquiátrica do Espírito Santo, Dr. José Luís Leal de Oliveira, destacou a gravidade do problema — que afeta um número crescente de pessoas, inclusive em Vila Velha.

Diante desse cenário preocupante, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SEMDEC), por meio do Procon Municipal, emitiu novo alerta à população canela-verde sobre os riscos das apostas online e seus impactos no consumo e no orçamento doméstico.

“Nossa missão é promover a educação para o consumo e colaborar com um mercado mais justo e equilibrado. Embora as apostas online sejam amplamente divulgadas como forma de entretenimento, os perigos envolvidos são significativos e crescentes. O principal risco é o desenvolvimento de vícios, que podem levar a consequências graves, como endividamento, problemas de saúde mental e dificuldades nas relações sociais e familiares. Por isso, é fundamental que os consumidores estejam atentos a esses sinais e busquem ajuda o quanto antes”, afirma Moisés Penha, superintendente do Procon Vila Velha.

Impactos negativos no consumo e no orçamento

O vício em jogos de aposta online já ultrapassa a esfera pessoal, afetando diretamente o comportamento de consumo das famílias brasileiras. Pesquisa da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), realizada em maio de 2024, apontou que 63% dos entrevistados comprometeram parte de sua renda principal com apostas. Dentre esses:

23% deixaram de comprar roupas;
19% reduziram os gastos com supermercado;
11% atrasaram o pagamento de contas essenciais.

Além disso, dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revelam que, em 2024, o varejo brasileiro perdeu cerca de R$ 103 bilhões devido ao redirecionamento dos recursos das famílias para as apostas.

No estudo O Panorama das Bets, divulgado em janeiro de 2025 no Rio de Janeiro, com base em dados do Banco Central, estimou-se que os brasileiros destinaram cerca de R$ 240 bilhões às plataformas de apostas online em um único ano — evidência do poder destrutivo desse fenômeno no contexto socioeconômico.

Sinais de alerta

O superintendente Moisés Penha ressalta alguns comportamentos que podem indicar um quadro de dependência em apostas:

Negligência de atividades e responsabilidades para apostar;
Incapacidade de controlar a frequência ou os valores apostados;
Sensação constante de urgência para recuperar perdas;
Isolamento social e conflitos familiares;
Problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão.

As consequências do vício em apostas

O fascínio pelos jogos pode rapidamente se transformar em armadilha. A promessa de lucros rápidos e a sedução da tecnologia estão levando milhares de pessoas a um ciclo perigoso de dependência, dívidas e sofrimento. Entre as principais consequências, destacam-se:

1. Vulnerabilidade dos grupos mais suscetíveis:
Plataformas acessíveis podem atrair especialmente jovens, idosos e pessoas em situação emocional ou financeira delicada.

2. Desenvolvimento da dependência e impacto psicológico:
O contato constante com apostas pode gerar comportamentos compulsivos e prejudicar gravemente a saúde mental.

3. Endividamento e consequências financeiras:
A tentativa de recuperar perdas anteriores leva muitos ao endividamento profundo, chegando, em casos extremos, à falência.

4. Efeitos sociais e familiares:
Relações pessoais e familiares podem se romper, com jogadores se afastando de seus entes queridos e negligenciando obrigações.

Orientações e prevenção

Moisés Penha compartilha algumas orientações para quem busca enfrentar ou evitar o problema:

Buscar apoio profissional ao perceber sinais de dependência;
Conversar com amigos e familiares quando a diversão se torna problema;
Evitar o consumo de propagandas de jogos de azar;
Investir em atividades alternativas para ocupar o tempo e a mente;
Estabelecer limites claros de tempo e dinheiro para apostar, se não for possível parar imediatamente.

Apesar da regulamentação das apostas esportivas no Brasil por meio da Lei 14.805/2023, os riscos do vício persistem. Por isso, o Procon Vila Velha reforça a importância de uma postura responsável e do apoio a quem enfrenta esse tipo de dependência.

Atuação integrada e responsabilidade social

Para o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico de Vila Velha, Everaldo Colodetti, a regulamentação é um avanço, mas insuficiente diante da dimensão do problema. Ele defende uma abordagem mais ampla:

“Precisamos ampliar o debate e agir com responsabilidade. As apostas online estão transformando o perfil do consumo no Brasil e gerando impactos diretos na economia e na qualidade de vida das pessoas. Nosso papel, enquanto gestores públicos, é alertar, prevenir e promover políticas que protejam o cidadão”, afirmou Colodetti.