Quem é Fernando Collor, ex-presidente do Brasil preso por ordem do STF
Fernando Collor de Mello, político de carreira e ex-presidente da República, foi preso na madrugada do dia 25/04 em Maceió (AL). Sua carreira política é longa e marcado por polêmicas que culminaram num processo de impeachment, o primeiro a ocorrer no Brasil desde o fim do período militar.
Collor nasceu no Rio de Janeiro. Apesar disso, por causa da carreira política do pai, viveu a infância e a juventude em Maceió, Rio de Janeiro e Brasília. Formado em Economia, foi prefeito de Maceió de 1979 a 1982, deputado federal de 1982 a 1986 e governador de Alagoas de 1987 a 1989.
Collor foi casado três vezes. Durante sua presidência, estava casado com a segunda esposa, Rosane Collor. Em 2006, casou-se pela terceira vez. Sua família possui uma mansão em Brasília, conhecida como “Casa da Dinda” em homenagem à avó. Durante sua presidência, Collor morou ali.
Durante sua ascensão política, Collor se dedicou a combater os “marajás”, funcionários públicos com salários elevados e desproporcionais. Com isso, passou a ser chamado pela imprensa como “caçador de marajás”, apelido que significava moralidade e intolerância à corrupção.
Em 1989, Collor foi eleito o 32º presidente do Brasil. Foi o presidente mais jovem do país. Ele venceu no segundo turno contra o atual presidente Luís Inácio “Lula” da Silva. Existe amplo debate se as principais redes de televisão influenciaram sua vitória eleitoral.
Fernando Collor assumiu o governo de um país cuja economia sofria de hiperinflação, deixada pelos governos anteriores. Segundo o IBGE, a inflação da época alcançava mais de 1000%. As prioridades populares oscilavam entre o combate à corrupção e o controle da inflação.
<strong>Fracasso</strong>
Assumindo o cargo presidencial, Collor nomeou para Ministra da Fazenda sua prima Zélia Cardoso de Mello. Para combater a inflação, anunciou o “Plano Brasil Novo”, mais tarde conhecido como “Plano Collor I”.
A medida mais marcante do plano ficou conhecida como “confisco da poupança”. Mais precisamente, a medida foi um sequestro da poupança: 80% dos depósitos em contas correntes e poupanças acima de 50 mil cruzeiros ficariam retidos, como tentativa de reduzir a circulação de dinheiro e o crescimento desordenado dos preços.
O “confisco da poupança” foi considerado ilegal: a Constituição Federal de 1988 determina que a poupança popular não pode ser detida ou sequestrada por medidas provisórias. Em livro, a jornalista Mírian Leitão afirma que a medida gerou falências e até mesmo mortes de pessoas atingidas por ela. A resposta do ex-presidente a isso teria sido um pedido de desculpas.
O Plano Collor I não conseguiu eliminar a inflação. O presidente tentou ainda o Plano Collor II. Mais tarde, substituiu Zélia Cardoso por Marcílio Marques Moreira, que lançou o Plano Marcílio. Ele também não alcançou sucesso.
<strong>Impeachment</strong>
A presidência de Fernando Collor sofreu uma grave crise em 1991, quando surgiram denúncias de corrupção. As denúncias envolviam pessoas próximas a Collor, como ministros, amigos e a primeira-dama, Rosane Collor.
A denúncia mais marcante foi de Pedro Collor de Mello, irmão do presidente. Ele afirmou que o tesoureiro de campanha, Paulo César Farias, o PC Farias, pediu dinheiro a empresários em troca de vantagens no governo. Collor saberia disso e estaria sendo beneficiado.
Em 1992, as denúncias levaram à abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Na época, Collor pediu apoio do povo solicitando que pendurasse bandeiras do Brasil nas janelas. Em resposta, começou uma campanha nacional pelo impeachment do presidente. A campanha incluiu os “caras-pintadas”, jovens que saíam às ruas para pedir a saída de Collor.
A Comissão concluiu que Collor teria sido beneficiado pelo esquema de PC Farias. Ele teria cometido crime de responsabilidade ao usar cheques-fantasmas para pagar despesas pessoais, como uma reforma na Casa da Dinda e a compra de um carro Fiat Elba. O dinheiro dos cheques teriam vindo do “esquema PC”.
A conclusão da Comissão abriu caminho para a Câmara aprovar o pedido de impeachment. O Senado recebeu 180 dias para apurar se houve crime de responsabilidade. Até lá, Collor ficou afastado da presidência. Assumiu seu vice, Itamar Franco.
O Senado concluiu que houve crime de responsabilidade. Para evitar ficar inelegível, Collor renunciou à presidência. Apesar da renúncia, o Congresso entendeu que Fernando Collor deveria perder esses direitos.
<strong>Retorno</strong>
Em 1993, A Procuradoria Geral da República (PGR) denunciou Collor por corrupção passiva. Para que ocorresse a condenação, a PGR deveria provar que Collor recebeu dinheiro em troca de favores. Em 1994, o STF entendeu que isso não ficou provado e absolveu Collor.
Depois disso, Collor voltou à política. Em 2002, candidatou-se a governador, mas não venceu. Em 2006, foi eleito senador por Alagoas, função que ocupou por 16 anos. Nesse período, ele teria se envolvido nas acusações que o levaram hoje à condenação pelo STF.
(Fontes: G1, Diário do Comércio, “O Povo Brasileiro” – Mírian Leitão. Foto: Antonio Ribeiro / Editora Abril)

Jornalista, formado em Gestão Pública e especialista em planejamento e gestão estratégica e atua como empresário na área de comunicação e marketing político há mais de 15 anos.